Caminhando de mãos dadas com um gigante
3 maio 2023Na década de 1980, havia no Brasil a reserva de mercado para informática, que deu origem a uma indústria nacional nessa área (veja nosso artigo sobre a reserva de mercado no Brasil). Respondendo à demanda dessa indústria por redatores técnicos, surgiu nossa empresa, fundada por um engenheiro eletrônico e um analista de sistemas, cujo serviço era criar manuais de usuário para produtos de tecnologia.
Um dia eu estava na gráfica para tratar da impressão de um manual e o gerente me disse:
— Nossa gráfica imprime manuais das calculadoras HP. Eles me perguntaram se nós poderíamos também traduzir esses manuais. Vocês fazem isso?
Bem, éramos redatores técnicos. Traduzir seria algo parecido com escrever e eu disse que sim. Começamos então a traduzir manuais das calculadoras HP.
Isso foi em 1986. Vamos ver o que aconteceu com a HP e conosco desde então:
Fundada em 1939, a HP cresceu vendendo produtos para clientes corporativos como instrumentos de laboratório, plotters e computadores grandes.
Na década de 1970, voltou-se para o mercado consumidor com suas calculadoras, que se tornaram ícones (como a lendária HP 12C, utilizada até hoje em cálculos financeiros).
A partir de 1990, fundiu-se a gigantes como Compaq e Palm, incluindo em seu portfólio produtos de consumo como microcomputadores, impressoras pessoais e scanners. Fundindo-se com EDS e 3Com, entrou também com força no mercado de software corporativo. No final da década de 2010, a HP ocupava a nona posição entre as Fortune 500.
No Brasil, para poder vender suas calculadoras mesmo com a reserva de mercado, a HP se associou na década de 1980 a uma empresa brasileira, a Edisa. Na década de 90, com o fim dessa política, a HP entrou oficialmente no mercado brasileiro de produtos de consumo pessoal.
Operando em dezenas de países, já na década de 1990 o volume de traduções na HP se tornou gigantesco, o que a levou a criar sua própria agência de traduções, o ACG (Applications and Contents Globalization group), que, além de atender à demanda interna de serviço, conquistou importantes clientes externos como Agilent, Siemens e Microsoft. Hoje, o ACG está espalhado por diversos países, concentrando na China a gerência de projetos.
Em 2015, a HP dividiu-se em 3 empresas: HP Inc, HP Enterprise e DXC Technology. O ACG permaneceu ativo, como parte da DXC Technology.
Nossa empresa, inicialmente uma agência de redação técnica, também se transformou radicalmente nesses 35 anos. Com o fim da reserva de mercado em 1990, a maioria das empresas nacionais de informática se tornaram representantes de fabricantes globais, reduzindo-se a quase zero a demanda por redação e aumentando a demanda por tradução, e nós, que já vínhamos fazendo traduções para a HP e para outros clientes, tornamo-nos definitivamente uma agência de traduções. Trabalhando inicialmente com inglês e português, incorporamos o espanhol em 2003, quando adotamos o nome Latinlanguages.
Nossa trajetória é paralela à da HP no Brasil. Entramos no ramo de traduções em 1986, para atender a essa empresa, que ainda operava através da brasileira Edisa. Quando a HP assumiu sua identidade em nosso país, já éramos seus fornecedores, e estamos com eles até hoje. Considerando HP Inc, HP Enterprise e DXC Technology como a configuração atual da antiga empresa HP, certamente somos o fornecedor mais antigo da HP no Brasil.
Desde 1990, não houve um só mês sem alguma demanda desse cliente. No ano de 2019 recebemos aproximadamente 5000 encomendas de serviço do DXC ACG (uma média de 19 por dia útil). Nossas traduções para português e espanhol estão incorporadas a produtos HP Inc, HP Enterprise e DXC Technology vendidos no Brasil, na América Latina, na Espanha e nos Estados Unidos.
Que venham mais 35 anos!
Marcos Chiquetto is an engineer, Physics teacher, translator, and writer. He is the director of LatinLanguages, a Brazilian translation agency specialized in providing multilingual companies with translation into Portuguese and Spanish.