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Não sabe? Procura no Google.

Marcos Chiquetto 4 maio 2023

Ontem veio à minha cabeça uma música da minha infância. E eu não conseguia lembrar que era o cantor. Imediatamente peguei o celular e digitei um trecho da letra no Google. O nome do cantor apareceu.

Mas, o que aconteceria se eu não descobrisse esse nome? Provavelmente ficaria inquieto, pensando naquilo, tentando fazer outras pesquisas na internet, até encontrar.

Não ter uma determinada informação factual, como o nome de uma pessoa ou de um lugar, é uma sensação inquietante, incômoda, que vamos logo tentar resolver fazendo pesquisas na internet.

Mas sempre foi assim? Não ter uma informação sempre foi algo assim incômodo?

Para responder a essa pergunta, voltemos um pouco no tempo, para uma época em que a Internet não era ainda disponível ao cidadão comum. Vamos imaginar um personagem fictício, José, num dia qualquer na década de 1980, que lembra de uma canção de sua infância, mas não sabe quem era o cantor.

José conversa então com sua esposa:

– Lembra dessa música, que cantávamos quando crianças?

– Sim. Cantei muito.

– Quem era o cantor?

– Não lembro.

O que aconteceria nesse momento? José ficaria inquieto? Iria buscar a informação em algum lugar?

Não. Provavelmente ele esqueceria do assunto e ponto final. Não adiantaria nada ficar inquieto, querer buscar a informação. A informação simplesmente não estava disponível para ele. Não tinha como conseguir na hora.

Na verdade, a informação poderia ser talvez encontrada. Ele poderia conversar com outras pessoas para ver se alguém se lembrava. Ou recorrer a uma enciclopédia, que armazenava as informações principais de cada área de conhecimento em uns 20 livros grandes impressos.

Uma das edições da famosa Enciclopédia Britannica, com 33 volumes

Não encontrando na enciclopédia, José poderia ir a um jornal e gastar muitas horas folheando edições antigas e empoeiradas, para buscar nas páginas alguma notícia sobre a música. Ou ir a gravadoras de discos consultar os catálogos antigos, se estes ainda existissem. Ou mesmo ir a uma biblioteca pública, cheia de publicações antigas impressas.

Nas antigas bibliotecas, a indexação por assunto era muito deficiente. Por isso, era preciso realmente examinar os livros selecionados um a um para buscar uma informação, num processo muito demorado.

Em todo caso, seria uma busca difícil e trabalhosa, só justificável se o assunto fosse muito importante. Para uma dúvida qualquer no dia-a-dia, o esforço seria injustificável.

Então, como se resolvia esse tipo de problema?

Muito simples: resolvia-se não considerando isso como sendo um problema. Não lembrou de alguma coisa? Tudo bem. A vida prossegue. Não havendo o problema, não é necessária qualquer solução.

A humanidade viveu dessa forma durante dezenas de milhares de anos. Só agora, nos últimos 30 anos, com a popularização das plataformas de troca de informações, que passaram a armazenar praticamente todo o conhecimento escrito com excelentes ferramentas de busca, é que a falta de uma informação passou a ser tão desconfortável. Até então, a regra era não ter as informações e isso era visto com naturalidade.

Já pensou nisso?

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