Que é PDF
28 abr 2023
Quarenta anos atrás, se você quisesse fazer um relatório para seu chefe ou um trabalho escolar, ou enviar uma conta para alguém pagar, teria que fornecer um documento impresso em papel. E seu relatório seria escrito com caneta ou máquina de escrever no mesmo papel pelo qual seria entregue, ou seja, o ato de criar um documento no dia-a-dia se realizava sobre o mesmo meio utilizado para entregá-lo.
Com a popularização dos computadores, a partir da década de 1980, passou-se a escrever no computador e depois imprimir o resultado no papel. Dessa forma, o recurso usado na criação do documento passou a ser diferente do recurso utilizado para transferir o documento a outras pessoas.
Com a popularização do Mac e, principalmente, do Windows, a partir da década de 1990, todos os computadores passaram a ter uma interface gráfica de alta resolução, podendo-se ler os documentos na tela no mesmo formato que eles tinham no papel. E logo depois veio a internet, que possibilitou entregar documentos por via eletrônica. Daí, a impressão em papel, que já estava ficando desnecessária, tornou-se um empecilho.
Em resposta a esse problema, a Adobe criou em 1993 o PDF (Portable Document Format, ou Formato Portátil para Documentos), um formato que reproduzia na tela os recursos gráficos do papel, e que podia ser lido em qualquer modelo de computador. Assim, gerando um PDF, você poderia ter certeza de que qualquer computador seria capaz de mostrar o documento na tela. Hoje, o PDF é o formato padrão para apresentação de documentos formatados, e o programa mais utilizado para ler esse tipo de arquivo é o Adobe Acrobat.
Com essa tecnologia, um documento hoje tem normalmente dois arquivos associados a ele:
· Arquivo-fonte (source file): é o arquivo no qual o documento foi criado. São utilizados para gerar esses arquivos os processadores de texto e arte-final, como Word, Indesign, FrameMaker etc, dependendo da complexidade da formatação desejada;
· Arquivo PDF, gerados como saída dos programas citados acima. Depois de finalizar e formatar o texto, gera-se uma saída em PDF como se fosse uma operação de impressão. O PDF pode ter alta resolução, quando vai ser efetivamente impresso em papel com alta qualidade, ou baixa resolução, quando vai ser postado na Internet.
Mas o PDF, apesar de ter avançado muito de 1990 até hoje, manteve sua função original de substituir o papel impresso. Ele não foi feito para ter seu conteúdo editado. Conceitualmente, editar um PDF seria o mesmo que editar a cópia impressa de um documento criado em computador. A edição do texto deve ser feita no arquivo-fonte.
– Mas o Acrobat exporta o PDF para o formato DOCX. Esse não é um arquivo que pode ser editado?
Sim, é um arquivo que pode ser editado, no entanto, ele não utiliza adequadamente os recursos do processador de textos e arte-final. Em vez disso, é utilizada “força bruta” para obrigar o texto a se posicionar da mesma forma que no PDF. Por exemplo, caixas de texto frequentemente são exportadas como figuras, exigindo que o texto delas seja redigitado, mudanças de página são forçadas e não fluem quando se altera o texto, formatações especiais de páginas são simuladas por meio de tabelas dentro de tabelas, que se desformatam quando o texto é alterado, etc. Pior ainda, se você exportar para formato DOCX um PDF gerado a partir de um arquivo de Indesign ou Adobe Illustrator, estará formatando com recursos simples de Word um documento que foi criado com recursos sofisticados; gerando um arquivo cheio de “jeitinhos” que vai apenas simular de forma rústica o que foi feito no arquivo-fonte . Nesse tipo de arquivo, se você, no futuro, quiser mudar alguma coisa no texto, poderá ter uma surpresa desagradável quando as quebras de páginas ou mudanças de coluna não se adaptarem às mudanças feitas.
Quando você tiver um documento em PDF e quiser encomendar algum serviço que exija editar o texto (uma tradução, por exemplo) tenha em mente que o processo correto é trabalhar no arquivo-fonte. Vale a pena o esforço de buscar o arquivo-fonte com quem produziu o documento, pois o trabalho será otimizado e o custo será menor.
Marcos Chiquetto is an engineer, Physics teacher, translator, and writer. He is the director of LatinLanguages, a Brazilian translation agency specialized in providing multilingual companies with translation into Portuguese and Spanish.
