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Porque “whatsapp” é um nome genial

Marcos Chiquetto 4 maio 2023

Tradicionalmente, as marcas mais fortes se tornam boas marcas depois que os produtos correspondentes ficam conhecidos e populares.

Muitas vezes essas marcas contêm palavras sem qualquer relação com os produtos, mas ficam tão conhecidas que acabam se identificando com os próprios produtos. Por exemplo, “Ford” é apenas o sobrenome de Henry Ford, portanto, uma palavra sem qualquer conexão com o produto “carro”. No entanto, os carros da Ford se tornaram tão populares e conhecidos, que essa palavra se tornou uma marca fortíssima, tão forte que se expandiu até para a teoria de administração de empresas, onde a forma de gerenciar uma indústria baseada numa linha de montagem com estoques fixos é denominada “fordismo”. Outro exemplo desse tipo de marca é “Gillette”, que também é o sobrenome do fundador da empresa, e que acabou se tornando uma das marcas mais fortes no mundo, sendo considerada no Brasil um sinônimo de lâmina de barbear.

Há também marcas que são criadas já com o objetivo de identificar um produto, descrevendo de alguma forma sua função ou sua proposta de mercado. Algumas delas também acabam se tornando marcas fortíssimas. Exemplos disso são “Bombril”, que é sinônimo de palha de aço fina no Brasil, e a palavras “quentinha”, nome criado por uma empresa que fornecia refeições prontas para empresas da década de 70 (na verdade, a marca era “Kentinha”) e que se tornou sinônimo de refeição embalada em marmita descartável.

Hoje, para lançar um produto, é praticamente obrigatório um estudo prévio sobre a marca, feito por especialistas em marketing, pois uma boa marca é o primeiro passo para um produto obter sucesso. Se Bill Gates tivesse vivido em 1900, talvez sua empresa se chamasse “Gates Software”, mas, em vez disso, a empresa se chama “Microsoft”, um nome que, na década de 80, quando os microcomputadores eram uma novidade, já dizia exatamente o tipo de produto oferecido (software para microcomputadores).

Dentre as marcas mais recentes, a que eu mais admiro é “whatsapp”, que eu considero uma marca que já nasceu forte. A seguir explico o motivo.

Em 1938, foi lançado nos Estados Unidos um personagem de quadrinhos e desenhos animados chamado “Bugs Bunny”, que, em português, tem mais ou menos o sentido de “coelhinho pulguento”. No período conhecido como Era de Ouro da Animação nos Estados Unidos (1930–1960), esse personagem se tornou um ícone cultural nos EUA, sendo adotado como mascote oficial da Warner Bros Entertainment, então a maior produtora de filmes de animação do mundo. Segunda a Wikipedia, Bugs Bunny é o personagem com maior número de aparições em desenhos animados até hoje, sendo a nona personalidade cinematográfica mais retratada no mundo. Provavelmente você conhece Bugs Bunny, que no Brasil se chama “Pernalonga”.

Um elemento identificador de Bugs Bunny é sua famosa frase “What´s up Doc?” . A frase coloquial “What´s up?”, uma pergunta informal sobre como vão as coisas, quais são as novidades etc, ficou então ligada a esse popularíssimo personagem.

Veja no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=OV7UNLqtqpQ

No Brasil, a frase foi traduzida como “O que é que há, velhinho?”

Em 2009, dois ex-funcionários do Yahoo, Brian Acton e Jan Koum, lançaram um aplicativo de trocas de mensagens para celulares com o nome “whatsapp”. A palavra soa exatamente igual à conhecidíssima frase “What´s up?”, que está na cabeça de praticamente todo o público nos Estados Unidos, mas contém a palavra “app” identificando que aquilo é uma aplicativo de celular. Portanto, só de olhar para a marca, você fica sabendo que se trata de um aplicativo de celular para você se comunicar informalmente com seus amigos. Como você tinha já uma ligação afetiva com o personagem, ficou gostando do produto logo de cara. De quebra, nunca mais vai esquecer a marca, pois ela já existia na sua cabeça.

Simplesmente genial.

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