A população hispânica dos Estados Unidos
2 maio 2023Sobrenomes de origem hispânica são cada vez mais comuns nos Estados Unidos. Basta examinar a lista de nomes de deputados e senadores no Congresso dos Estados Unidos: Cruz, Ocasio-Cortez, Rubio, Menéndez, Vargas, Aguilar, García. Ou a escalação em um jogo de basebol de projeção nacional: Hernández, Pérez, Rojas, Villanuevas, Cabrera.
Alguém poderia objetar que isto seria uma anomalia estatística, que o número de latino americanos no Congresso e nos times de basebol seria muito maior do que a média nacional. Mas não é isso o que acontece: os dados refletem basicamente a demografia dos Estados Unidos e suas recentes alterações. Das 535 cadeiras no Congresso, 51, ou seja, quase 10 por cento, são ocupadas por parlamentares hispânicos ou latino americanos. E isso é menos que a porcentagem de pessoas de origem hispânica no país neste momento: 18%, ou 60 milhões de uma população total de quase 330 milhões.
Se a tendência atual continuar, esses números devem aumentar. E provavelmente será isso o que acontecerá, pois, na última década, a parcela hispânica foi responsável por metade do crescimento da população dos Estados Unidos. Mantida essa proporção no crescimento, até meados do século 21 os hispânicos totalizarão um quarto ou um terço da população total do país. E sendo o espanhol a língua-mãe falada na maioria dos lares hispânicos, os Estados Unidos abrigarão o segundo maior número de falantes do espanhol no mundo, atrás somente do México. No futuro haverá, sem dúvida, mais Jennifer(s) Lopez(s), mais Selena(s) Gómez(s) e mais Cardi(s) B(s).
Usando a abordagem da análise demográfica, George Friedman, especialista em relações internacionais, prevê que, até o final do século 21, os estados de fronteira no sudoeste dos Estados Unidos (todos em territórios que pertenceu ao México até 1830) terão população predominantemente mexicana. Culturalmente, economicamente, e politicamente, Califórnia, Arizona, Novo México e Texas gravitarão ao redor do país vizinho. Ele até vê o potencial de um conflito entre Estados Unidos e México, originado pelo caráter bicultural desses estados.
Gerentes de marketing de grande grupos editoriais, de organizações de mídia e de empresas americanas em geral, já vêem a população hispânica dos Estados Unidos como um nicho importante demais para ser ignorado. Por esse motivo, eles adaptam seus produtos para esse segmento da população ou criam produtos voltados especificamente para hispânicos. Assim, não surpreende que o New York Times esteja disponível em espanhol, que Jennifer Lopez tenha se apresentado e transmitido uma mensagem na recente cerimônia de posse presidencial, ou, menos surpreendentemente ainda, que, com Joe Biden, o website oficial da Casa Branca seja novamente bilíngue.
Francisco Zaragoza Zaldívar was born in Matanzas, Cuba, and is a professor of Hispanic-American literature at the Federal University of Rio Grande do Norte, Brazil, and a freelance translator with LatinLanguages.