A grande ameaça à terrível máquina de guerra
4 maio 2023O primeiro computador eletrônico usado na prática foi o ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer, ou, Integrador e computador numérico eletrônico), desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial na Universidade da Pennsylvania, nos Estados Unidos, que entrou em operação em 1945, já no final daquele conflito.
Ele foi desenvolvido para calcular tabelas de tiro de artilharia, e acabou sendo também usado em muitas outras aplicações, inclusive no desenvolvimento de armas nucleares. Nessas tarefas, os pesquisadores usavam, até então, grandes grupos de pessoas fazendo gigantescos cálculos manualmente (que eram chamadas “computadores”, isto é, pessoas que computavam cálculos).
O ENIAC era capaz de fazer em 30 segundos cálculos que gastariam 20 horas de uma equipe humana, economizando assim uma grande quantidade de tempo. A máquina foi então denominada “computador eletrônico”, derivado do termo “computador” originalmente utilizado para designar humanos.
Para você ter uma ideia do tamanho da máquina, ela continha 20.000 válvulas a vácuo e aproximadamente 5 milhões de juntas soldadas à mão. Pesava 25 toneladas, o equivalente a dois caminhões grandes carregados, ocupava uma espaço de 150 m², equivalente a 5 salas comerciais atuais, e consumia 150 kW de energia elétrica, o equivalente a 50 chuveiros elétricos ligados ao mesmo tempo.
O ENIAC não tinha um teclado. A entrada de dados era feita por cartões perfurados e a programação era feita por meio de fios e de 4000 botões rotativos. A tarefa de carregar um programa nele usualmente consumia algumas semanas de trabalho.
Uma aplicação complexa como os cálculos para uma arma nuclear poderia envolver o uso de um milhão de cartões perfurados para entrada e saída de dados, que ocupariam algo em torno de 500 gavetas para serem armazenados.
Essa máquina era somente um sistema de fazer cálculos. Ela não tinha o que hoje chamamos de “memória” do computador. Todo o armazenamento de dados era feito externamente nos cartões perfurados. Mas, em 1956, depois de 11 anos de operação, ele finalmente recebeu uma importante inovação: um sistema magnético de memória. Capacidade da memória: 100 palavras!
Para terminar, uma estorinha: nos primeiros computadores, as válvulas queimavam várias vezes por dia, interrompendo o trabalho até os técnicos localizarem e substituírem o componente queimado. Houve um dia em que o defeito foi muito difícil de localizar.
No final, descobriu-se uma mariposa morta dentro do circuito, ou seja, a máquina tinha um “bug” (inseto).
Esse temo se popularizou entre os engenheiros, e até hoje, quando um sistema tem um problema difícil de localizar, se diz que ele tem um bug.
Marcos Chiquetto is an engineer, Physics teacher, translator, and writer. He is the director of LatinLanguages, a Brazilian translation agency specialized in providing multilingual companies with translation into Portuguese and Spanish.