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Pandemia: os meses que viraram anos (publicado em dezembro de 2021)

Marcos Chiquetto 4 maio 2023

15 de março de 2020, final da tarde de domingo no Rio de Janeiro. Voltando da praia, notícia no rádio do carro:

− A partir de amanhã, segunda-feira, 16 de março, o estado do Rio de Janeiro entrará em quarentena.

Começamos o dia 16 com uma sensação estranha de estar passando por algo que nunca imaginamos, parecendo um filme de ficção.

  • Começam a chover notícias: Como lavar as mãos. Puxa, nunca pensei que lavar as mãos pudesse ser tão complicado. Pessoas fazendo estoque de itens básicos. Corrida para comprar papel higiênico. Putz! Papel higiênico?
  • Para matar o vírus, não pode usar álcool 96°, pois evapora muito rápido. Também não pode usar álcool 46°, porque é muito diluído. Tem que ser álcool 70°. OK. Vamos comprar álcool 70°. Mas ele está em falta em todas as farmácias. Opa, tem uma que tem. Vixe. Só tem perfumado. Fazer o quê? Vai perfumado mesmo.
  • Todo mundo tem que usar máscara na rua. O quê? Está doido. Nem sei como colocar isso. Mas tem que usar. Vamos correr atrás. Claro. Está em falta também.
  • Compras só pelo aplicativo. Assim quem vai se arriscar vai ser o entregador.

Bem. Passados os primeiros dias, as coisas começam a se organizar na vida pessoal.

Agora vamos pensar no lado profissional. Como conduzir nossa empresa de traduções nesse momento?

Todo mundo tem que estar em home office. Beleza. Quase todos nossos gerentes e tradutores já estão em home office há alguns anos, então isso vai ser uma transição tranquila. Só precisamos desativar temporariamente o escritório de São Paulo, onde trabalham poucas pessoas, e esperar o fim da quarentena. Deve durar alguns meses.

Agora, a grande dúvida: o que vai acontecer com o mercado global de traduções? Sei lá. Vamos nos preparar para o pior. Partir para um trabalho intenso de divulgação e busca de clientes. Mas como fazer isso sem ninguém sair de casa? O único caminho é usar as redes sociais. Felizmente, nossa empresa estava iniciando um trabalho nas redes sociais justamente em março de 2020. Jogamos toda a energia naquilo. LinkedIn, Instagram, divulgação de materiais de vários tipos, estabelecimento de novos contatos, criação de uma rede.

Passadas algumas semanas, a dúvida persiste: será que nosso trabalho vai evaporar com a pandemia? Será que vamos ter que desmontar nossa equipe, montada com tanto cuidado ao longo de 30 anos?

Os meses foram passando. Vários conhecidos contraindo COVID. Alguns morrendo. A previsão de alguns meses de quarentena começa a se alongar.

Setembro de 2020. Meu pai e minha mãe, residentes em São Paulo, os dois na faixa dos 90 anos, contraem COVID. Minha mãe se recupera. Meu pai, que já tinha sérios problemas de saúde, não aguenta as sequelas e vai embora. Velório de algumas horas. Ninguém está viajando de avião. Não fui ao velório. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer.

O tempo vai passando, a quarentena se alongando no mundo todo. Nosso volume de trabalho se mantendo normal, e até aumentando. Deve ser isso: com a quarentena, os serviços por internet tiveram um aumento geral de volume, o que movimentou o mercado global de traduções.

Final de 2020. Nunca vi tanta gente pedindo esmola no meu bairro. As pessoas menos favorecidas economicamente foram as mais afetadas pela pandemia. Surpreendentemente, nossa empresa teve um bom ano, com um volume alto de projetos ao longo dos meses.

Bem, agora, finalmente, vai acabar tudo isso e voltaremos ao normal.

Só que não. No início de 2021 começa um novo surto de COVID no mundo. Variante delta. Os números aumentam assustadoramente. O Brasil se torna campeão de mortes. E os meses vão passando.

E o volume de trabalho da empresa? Sempre alto.

Chegamos ao final de 2021. A pandemia, que ia durar alguns meses, já vai para o final do segundo ano e, por enquanto, ainda mostra fôlego. Felizmente, inverteu-se a situação do Brasil em relação ao mundo: como estamos acostumados a tomar vacina, nossa população está se vacinando em massa, e os números melhoraram muito aqui, diferente do que acontece nos Estados Unidos e em alguns países da Europa. Ficamos na expectativa de que o Brasil se mantenha bem e que eles lá consigam resolver isso. Vamos ver.

Para terminar, um rápido balanço:

Na vida pessoal:

  • Perdemos familiares e amigos.
  • Desconstruímos muitos laços sociais que teremos que refazer.
  • Passamos a viver num país mais pobre, com mais desigualdade ainda.

Na empresa:

  • Fortalecemos laços com clientes antigos e iniciamos relacionamentos com clientes novos.
  • Desenvolvemos novos canais de comunicação, abandonamos métodos antigos de divulgação e estamos aprendendo a transitar pelo universo digital.
  • Descobrimos um ponto fraco de se ter todo mundo em home office: é mais difícil treinar pessoal novo, já que cada um fica isolado em sua casa. Esse é o principal motivo pelo qual vamos reativar nosso escritório: poder contratar pessoas novas e ensinar o serviço na prática do dia-a-dia.
  • Surgiram também problemas por todos estarem em casa o tempo todo. Nossos gerentes e tradutores já trabalhavam em home-office, mas eles tinham a casa para eles no horário de trabalho. Na pandemia, isso mudou. Com a família inteira em casa, a privacidade fica comprometida e é preciso compartilhar o espaço e o link de internet com várias outras pessoas. Isso não ficou bem resolvido e deverá ser melhor pensado daqui para frente.
  • Projeto para 2022: unificar nossas operações em nuvem em uma única plataforma.

É isso aí. Vamos em frente.

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